PARA REFELETIR

"Porque o reino dos Céus está dentro de vós e ao redor de vós" - Jesus de Nazaré

segunda-feira, 21 de julho de 2014

A alegria é a felicidade que vem de dentro

Alegria é hoje uma palavra que, como um punhado de outras da nossa língua, acabou servindo para designar um punhado de coisa. Na maioria dos dicionários, a palavra é definida como: “vocábulo de origem teutônica, cujo sentido está relacionado a uma variedade de emoções ou sentimentos positivos, que vão desde contentamento, satisfação, bem estar até inteireza, felicidade ou júbilo.”
Mas, talvez seja ainda necessário explicar, com mais clareza e profundidade, o verdadeiro significado dessa palavra para compreendermos, exatamente, o que estamos falando quando dizemos: alegria.
Em seu sentido real, alegria é sinônimo de ausência de sofrimento. Vem do latim vulgar alacri (a=não + lacri=pranto, lagrima, choro). Logo, significa um estado onde não há choro nem lágrima, ou seja, não exista dor ou sofrimento.
Portanto, alegria é diferente de júbilo, sentimento que toma conta da pessoa quando recebe uma boa notícia, vê algo ou alguém querido ou vence uma disputa. E muito menos é euforia, estado psicológico antinatural resultante da ingestão de certo tipo de bebidas, comidas ou drogas.
Alegria é o estado de espírito natural do ser humano quando está isento das influências externas. É o bebê em repouso no útero da mãe. Ou seja, em seu estado original. Estado que a pessoa perde e do qual se distancia à medida que vai se tornando cada vez mais suscetível às impressões que vem de fora dela mesma.
Voltar a esse estado original, ou seja, readquirir a alegria não é uma tarefa fácil, apesar de ser simples. Começa com a realização da mais curta e mais difícil viagem que alguém pode e deve fazer. É caminhar para dentro si mesmo. Retornar ao centro, voltar ao ponto inicial e encontrar a fonte geradora do próprio ser.
E, segundo todas as tradições de sabedoria da humanidade, não existe nenhum outro meio de realizar essa busca a não ser pela conscientização e controle dos processos físicos e mentais, a anulação do poder do ego, o silenciar dos pensamentos. Enfim, pela meditação.
E o que é, realmente, meditar?
Como foi dito no início, por causa do uso indiscriminado e abusivo das palavras, dá-se o nome de meditação para muita coisa. Por ter se tornado “moda”, meditar tem, atualmente, inúmeros jeitos e significados.
Mas, no nosso caso, estamos tratando da meditação como instrumento de busca e realização de todo o potencial de divindade existente no fenômeno humano.
Para nós, em primeiro lugar, meditação não é “fuga do mundo”, mas o contrário: um mergulho profundo na existência concreta. Também não é uma maneira de entorpecer, mas sim de aguçar a percepção e os sentidos, tornando-os mais finos, penetrantes e sensíveis.
Por isto, não consideramos o ato de meditar como forma de desconectarmos de tudo o que nos rodeia, mas sim de estabelecermos ligações reais, puras e verdadeiras conosco, com as pessoas, com o mundo, com a História e, enfim, com a Suprema Realidade que está em tudo e que tudo contém.
E assim, a busca da alegria, pela meditação, resulta também descoberta da prática da atenção e do exercício do cuidado. Juntos, estes três modos de ser é a realização da Suprema Divindade, cuja partícula brilha, pulsa no coração de todo ser vivente. Portanto, são os objetivos maiores da existência humana.
A atenção é a prática que permite a percepção da Verdade e da Beleza em tudo e a descoberta e superação das armadilhas do ego. Dá ao ser humano o poder de experimentar a eternidade. Ou seja, de estar firme no agora; “presente no presente”, que é, na verdade o único tempo que existe. O passado é apenas a impressão deixada pelo movimento dos corpos e o futuro a imaginação de movimentos que poderão ou não acontecer.
A alegria que anima e a atenção que equilibra são as atitudes básicas da existência em plenitude. São elas que nos capacita para o exercício do cuidado, a mais perfeita forma de relação dos seres com eles mesmos, com os outros, com o mundo que o circunda e com a Sublime Realidade que o transcende, mas que pode, finalmente, alcançar.
Voltaremos ao assunto. Pois, para nós, vivenciar e promover essa busca, essa atitude e essa forma de agir, é única missão a que nos sentimos chamados.

domingo, 20 de julho de 2014

RUBEM, PLENAMENTE NO TODO, QUE ELE RECONHECIA COMO O PAI DO SEU MESTRE JESUS!

"Já tive medo da morte. Hoje não tenho mais. O que sinto é uma enorme tristeza. Concordo com Mário Quintana: “Morrer, que me importa? (…) O diabo é deixar de viver.” A vida é tão boa! Não quero ir embora…-Rubem Alves.
QUE É ISSO, MEU MESTRE! VOCÊ NUNCA VAI EMBORA. VAI FICAR SEMPRE VIVO E AMADO NO CORAÇÃO DA GENTE

quinta-feira, 17 de julho de 2014

PEQUENOS SINAIS DO AMANHECER

Leonardo Boff diz que os tempos de hoje são “uma época, particularmente, anêmica de Espírito.” Concordo. Estamos sob o completo domínio da matéria. No escuro mais profundo da noite do espírito.
Não adianta nos enganar com a “explosão de espiritualidade” que parece estar balançando as velhas e confusas estruturas religiosas. Pois o que há mesmo é uma avalanche de “espetáculos”, da mais crua mercantilização da fé e da esperança humanas.
Esse “um novo despertar do sagrado”muitas das vezes é apenas o velho instinto de oportunismo transformando em dinheiro e poder a sede de transcendência comum a todos os seres. E, nenhuma das tradições religiosas institucionalizadas do planeta escapa desse câncer.
No alto dessas estruturas só se cuida da automanutenção do status que conquistaram. Como resposta às angustias existenciais do povo oferecem a ilusão de uma possível felicidade num paraíso futuro e distante.
No Ocidente, por muito tempo, o cristianismo católico romano dominou o comércio da fé, ensinando que só a Igreja levar as pessoas à salvação e ao contato com Deus através dos seus sacerdotes.
Com a chegada da Modernidade, o poder de burlar as consciências foi distribuído generosamente. Agora, não há ensinamento de nenhum mestre, esforço de qualquer profeta ou sangue de algum mártir da verdade que não tenha se tornado mercadoria.
Todas as doutrinas, nascidas do contato de mentes iluminadas com a Divindade, viram possibilidades de negócios para “seguidores” inescrupulosos. Como “sementes que caíram entre espinhos que a sufocaram, e que o verme a comeu como ensinou Jesus, o Vivente no dito 9, do Evangelho de Tomé.
É difícil uma esquina sem um templo. Assim como é impossível uma quadra sem um botequim. Quanto mais uma comunidade é carente de bens, saúde e conhecimento, maior é o índice de entidades religiosas presentes por lá. E, na maioria, fruto da sede de sentido do ser humano explorada por uma enxurrada de aproveitadores.
As pessoas que se julgam espertas, que se julgam inteligentes demais para “caírem na lábia” de qualquer guru, santo, missionário, médium ou pastor, se deixam hipnotizar pelo discurso arrogante e dogmático do ateísmo cientificista. E passam a crer no “paraíso tecnológico” prometido pela Ciência prostituída pelo vibrião capitalista.
Mas, como ensinaram os mestres e mestras iluminados pelo Espírito da Suprema Unidade: “o momento mais escuro da noite é que anuncia o início do amanhecer.”
O consolo e esperança vêm da consciência de que, mesmo assim, a Divindade pulsa no íntimo do ser humano, e o faz transcendente por natureza. Por isso, superar, com criatividade e sabedoria, os obstáculos colocados pela História no caminho da evolução, ultrapassar impedimentos seu instinto básico.
E isso é o que ainda faz crer que, em meio ao caos o cosmo é sempre gerado. É no meio da terra revolvida, do barro às vezes fétido e doentio que reside a mais brilhante joia, acessível apenas aos atentos.
“Um problema sempre traz em si a sua solução”, já anunciavam os sofistas gregos antes de Sócrates, no Quinto Século antes de Cristo. Um raio de luz sempre brilha com mais força, varando as pesadas nuvens do desespero.  
Sobre isso, também disse Jesus, quando vivia, a Tomé, seu discípulo mais exigente: “O que me causa grande admiração é que no meio de tanta miséria possa existir algo tão sublime.”
Do lodo nasce o lótus puro e perfumado, símbolo da semente da Sublime Eternidade no íntimo de todo ser humano mortal.
Então há uma saída? Não é o caos, a catástrofe o último destino da humanidade?
“Sim, a esperança não morre. O novo sempre vem!” anunciam as consciências mais elevadas. Mas, como tudo, a alegria, a luz, a plenitude não vêm sem dor que acompanha todo parto.
Há quem diga que somos, esta geração agoniada e privilegiada, a gestante e parteira do novo passo evolutivo do espírito humano. “Os sinais desse momento da alegria pós-parto são inúmeros”, garantem os espirituais. “Toda a criação geme com as dores do nascimento do Reino de Deus”, já ensinava Paulo, o sábio, grecojudeu que fez, dos insights do humilde profeta Jesus Nazareno, a maior instituição religiosa do mundo.
Para ver chegar a manhã radiosa, após uma noite escura é preciso estar acordado. Os embriagados pelo sono só se assustam, quando a luz do Sol lhes queima a cara. Os despertos contemplam a lenta vitória da luz sobre as trevas. E se alegram com antecipação. Como as noivas prudentes do Evangelho de Mateus (25, 1-13).
É preciso, então nos manter vigilantes. Com as lamparinas da mente abastecidas com o combustível da atenção e do cuidado para receber com alegria o raiar do dia que se aproxima!

sexta-feira, 11 de julho de 2014

Dentro de cada pessoa está a plenitude

Na segunda metade do século passado, estudiosos da alma e do comportamento humano fizeram suas previsões, tentando revelar que tipo de sentimento social seria dominante na população mundial quando chegasse o Terceiro Milênio. Muitos afirmavam que, devido ao grande crescimento populacional e a maioria absoluta das pessoas morando em grandes cidades, essa seria a época da vivência comunitária. Outros acreditavam que, pelos mesmos motivos, o individualismo seria a forma de vida dominante.
Por mais paradoxal que pareça ambas as previsões se confirmaram. Nas duas primeiras décadas do Século 21, as pessoas se tornaram tremendamente individualistas ao mesmo tempo em que se estão sendo cada vez mais massificadas.
Atualmente, é tão difícil se preservar a intimidade, quanto estabelecer contatos e relações realmente sólidas. Desta forma, o ser humano perde o contato consigo e com os outros. Não vive mais a sua vida, segundo seus desejos e anseios mais profundos nem se mostra aos demais em toda a sua integridade.
Deixamos de sermos nós mesmos, para sermos um personagem criado segundo as necessidades e imposições externas do mundo. Não há tempo nem espaço para a vida interior.
Tudo o que nos rodeia nos chama para fora. E, doentes dessa externalidade sem limites, passamos a acreditar que a solução dessa angústia existencial está, também, em algum lugar, com alguém ou em alguma coisa, fora e distinta da gente.
E assim, as pessoas se lançam numa busca desenfreada, cujo combustível são os novos vícios e manias. O desejo insano de diversão e entretenimento ininterrupto, a busca por emoções fortes de medo, susto e euforia. A embriaguez pela velocidade, pelo barulho e pela comida e bebida exageradas, o consumo compulsivo de bens supérfluos e descartáveis.
Enfim, uma vida de fuga para longe do mais íntimo de si mesmo.
Mas, o que fazer para se colocar um fim, ou pelo menos atenuar essa paranoia existencial? Onde buscar e encontrar a verdadeira face, o verdadeiro Eu e cada um?
A receita é muito, muito antiga. Mas de uma atualidade sem igual: “o Reino do Céu está dentro de você”, ensinava Jesus. “Conhece-te a ti mesmo”, pregava Sócrates. Retorna ao seu centro, proponho eu.
É no interior de cada ser humana que está todo o seu potencial de vida, de sabedoria e de beleza. A alegria e a bondade e, consequentemente, a paz só podem nascer nos corações. Pois é lá, no centro do ser é que reside a semente da divindade que todos carregamos e que devemos fazer germinar.
Ou encontramos a Suprema Realidade em nós, nos nossos interiores ou não a veremos em nenhum outro lugar.
A humanidade, a natureza, as coisas, o mundo, podem nos dar dicas da existência dessa Sublime Presença. Mas o único lugar em que podemos encontrar e nos relacionar com esse mais Absoluto do Ser é no íntimo de nós mesmos.

Retorne ao seu centro! Lá encontrará o Todo e, n´Ele, encontrará a si próprio. E unificado poderá conquistar a vida. “Vida em plenitude” - garantem os mestres de todas as tradições, de todos os tempos e lugares!

sábado, 5 de julho de 2014

A SEMENTE DE BONDADE NO CORAÇÃO DO SER HUMANO

Atualmente, a violência - em forma de jornalismo, entretenimento e arte - entra em nossas casas e cabeças por todos os lados. E vira rotina do dia a dia. É como se a brutalidade de uns, a dor de outros e a indiferença da maioria fossem implícitas à natureza humana. “Homo homini lupus (o ser humano é o predador do ser humano)”, dizia Thomas Hobbes já no início do Século XVII.
Porém, antes que essa ilusão ganhe força e vire uma verdade em nossa vida, parece que um anjo, sob a forma de insight, nos consola e nos alerta: “há uma semente viva de bondade no coração humano. O que falta, é cultivo para que germine, cresça, cubra de flores e frutos.”
Com a mesma beleza e força que o Sol surge invicto toda manhã e que a Primavera irrompe festiva ao fim do Inverno, a humanidade e toda a criação se inclinam, para o bem. Natural e inexoravelmente.
Há tempos, li o relatório de um grupo de arqueólogos que descobriu no deserto da Ásia vários esqueletos de mais de 2,5 milhões de anos. Seria apenas mais um achado interessante mas não fantástico até que um punhado de ossos chamasse a atenção, deixando maravilhados os cientistas. Era o esqueleto de uma criança de mais ou menos 13 anos, que tinha mãos e pés atrofiados.
Como pode sobreviver essa criatura esse tempo todo num ambiente tão hostil e severo, sem condições de andar, caçar, colher frutas e sequer colocar a própria comida na boca? Seus parentes haviam cuidado dela, concluíram fascinados os pesquisadores!
Um arqueólogo de origem hindu explicou: Esta é a prova científica mais antiga de que a compaixão e o cuidado é que nos tornam legitimamente humanos. Como a abelha que foi feita para fazer o mel, fomos feitos para a compaixão e a bondade.
Por isso socorremos, defendemos e cuidamos uns dos outros e do mundo. É isto que sabemos e costumamos fazer instintivamente.
Há um conto budista que conta que um monge vendo que um escorpião estava sendo levado pela correnteza, entrou na água e com as mãos em concha resgatou o inseto que aplicou-lhe uma dolorosa ferrada dolorosa no dedo e perguntou: “Você não sabe que sou um escorpião e que minha natureza é ferroar?” E o monge lhe respondeu: “Eu sou um ser humano e minha natureza é cuidar”.
Então, a violência, a crueldade e o descaso não são atributos humanos inatos e naturais. São doenças contagiosas que atacam e apodrecem a alma. O único meio de se livrar desse mal é deixar de alimentá-lo com nossa atenção. Tirar do mal o foco do nosso interesse. Assim, ele definha, acaba por sumir.
Sem nos enganar, crendo que a maldade não existe, tirá-la do centro da nossa vida e ressaltar, a todo momento, que há outra tendência humana mais importante e muito mais forte: a bondade. Esse sim é o instinto que devemos cultivar, fazer crescer e deixar que, enfim, domine o Universo.


Queira o Bem, faça o Bem, propague o Bem, que ele vem!

quarta-feira, 25 de junho de 2014

Sob o comando do Espírito



Talvez a mais inquietante angústia subjetiva da humanidade seja a enorme necessidade que sempre teve de se autodefinir, ou seja, responder a si mesma, de forma definitiva, a insidiosa pergunta: “quem, ou o que, é o ser humano”? “Qual é o sentido ou o objetivo da sua existência?”
Mares de tinta, séculos de insônia e quilômetros de neurônios foram gastos na busca de uma resposta válida e satisfatória. Mas, é bem possível que a mais simples e profunda solução desse problema já tenha ocorrido seis séculos antes da Era Cristã, na mais antiga e importante obra da literatura filosófica mundial: o Bhagavad Gita.
Parte da monumental epopeia Mahabharata, o “Sublime Canto do Senhor” (Bhagavad Gita, em sânscrito) é assim chamado por conter as palavras de Krishna, Deus que se faz homem, igual a Jesus Cristo, para ajudar a humanidade a se elevar até à consciência divina superior, e desta forma, realizar na Terra o reinado dos céus.
Nesse livro, o Senhor Krishna usa a figura de uma carruagem para explicar ao atormentado guerreiro Arjuna o que é ser humano e qual sua missão. Nessa comparação, os cavalos que puxam o veículo são os sentidos físicos, e o cocheiro que o conduz é a alma.
Mas, o que torna mais importante essa descrição figurativa é a afirmativa de que essa carruagem, o ser humano, carrega consigo um nobre passageiro, o espírito, eterno e imutável, que reside em cada ser.
O Gita, e outras obras que, com ele, compõem o notável acervo da sabedoria perene indiana, a Vedanta, ensina que, ao manipular as rédeas que controlam os animais que puxam a carruagem, o cocheiro tem autonomia escolher caminhos e impor a velocidade, mas, o objetivo final quem decide é o passageiro. Seria então o espírito, pequena fagulha da Luz Eterna, que criou e mantém tudo o que existe, é quem deve conduzir a vida humana, e não a alma, capaz das emoções e sentimentos, nem os sentidos, presa dos instintos e paixões.
Mais uma das grandiosas lições da Eternidade ao ser humano, que nunca foi levada a sério. Principalmente na parte ocidental do mundo, onde o materialismo pragmático e imediatista domina o pensamento e define os objetivos da existência.
O resultado deste tipo de postura vital é facilmente visível: a desvalorização da vida, a desigualdade entre os grupos e nações na partilha dos bens, a exaustão dos recursos naturais e a degradação ambiental são as principais pontas desse iceberg apocalíptico.
Aproveitando a metáfora do Guita, pode-se dizer que, nessa parte do mundo, o “cocheiro” guia a carruagem sem nenhuma atenção ao sublime “passageiro” que carrega. São os “cavalos”, irracionalmente passionais, que traçam os rumos e o ritmo. O final dessa viagem é previsível.

Poucas são as pessoas que levam a sério os ditames da subjetividade transcendente do espírito. E, quase sempre, são tidos como tolos sonhadores, românicos utópicos, incapazes de administrar esse mundo totalmente enraizado no ter e no poder material.
Esses heróis e heroínas, quixotescos para a massa inconsciente dos pós-modernos, padecem de uma solidão sem igual. São os diferentes. E, mesmo lembrando a fala do sábio Jiddu Krishnamurti – “Não é sinal de saúde estar bem adaptado a uma sociedade profundamente doente” – não podem deixar de sentir na alma os rigores de um injusto e ignorante isolamento. Nesses homens e nessas mulheres cujas palavras, atitudes e vidas são movidas pelo Espírito, é que reside a última esperança do planeta.


segunda-feira, 23 de junho de 2014

Quem tem olhos para ver...

Tudo muda. Esta é a única verdade humana imutável. E, o ponto mais alto de uma escalada é o início da descida. Ninguém está mais perto da queda do que aquele que chegou mais alto. Simples, e aparentemente ingênua, essa lição apregoada pelos grandes mestres da humanidade poderia ter evitado a derrocada dos impérios e a precoce destruição dos projetos, se os seres humanos não se esquecessem dessa doutrina sempre que se imaginam protegidos pelas ilusórias muralhas do poder.
São muitos os exemplos do quanto o esquecimento da história e a insensibilidade intuitiva tem gerado as mais dolorosas quedas. E, para quem tem “olhos para ver e ouvidos para ouvir”, o tempo todo pululam ao redor exemplos inspiradores.
Por que mesmo assim há aqueles que abandonam a memória do passado e repetem o mesmo erro, se destruindo e levando consigo uma enorme vastidão?
Bernardo de Claraval, um monge cisterciense que viveu na França no século XII ensinava que todo poder traz consigo a semente de sua própria destruição. Essa semente vai germinar justamente quando o poderoso se esquecer que nada, absolutamente nada, neste mundo dos homens permanece para sempre.
"Quando a barba do vizinho arder, ponha a tua de molho", ensina a sabedoria judaica. E, na atual situação do mundo, esse ditado deveria ser lembrado por todos os sensatos. Afinal, há vários sinais muito claros de que a Humanidade não só atravessa uma época de mudanças, mas uma mudança de época. É o fim de um mundo conhecido e se inicia um mundo ainda não imaginado.
Como os dinossauros, o tipo atual de civilização está fadado ao extermínio. E só se livrará da hecatombe total quem evoluir, de acordo com as exigências de uma nova realidade. E evoluir, nos tempos atuais, é buscar valores mais altos, mais sublimes para nortear a vida.
O erro decisivo do materialismo agnóstico é a incapacidade para ver que as experiências diárias da nossa vida são imensuravelmente inferiores à estatura da nossa inteligência humana. Se os materialistas estivessem corretos, esta inteligência seria um luxo inexplicável.
A verdade do Absoluto coincide com a própria substância do nosso espírito. As várias religiões apenas formataram e institucionalizaram o que está contido na nossa mais profunda subjetividade.

Além dos sinais do tempo a avisar e alertar para o eminente fim das velhas e carcomidas ilusões materialistas, há espíritos iluminados, profetas daqui e de além a insistir quase febrilmente: “ou a mudança ou a morte”.